terça-feira, 19 de abril de 2022

SAGA DE MARIQUINHA

 


CORDEL NO TEMPO #979


SAGA DE MARIQUINHA


Lá vai Mariquinha 

Enxugando o pranto

Que a sua filhinha

Seu anjinho santo

Não tem alimento

Não tem um alento

Não tem mais unguento

A morrer sem manto


E o câncer mordendo

Como escorpião

Ferroa o vivente

O atira no chão

Lá vai Mariquinha

Mãe da menininha

Mendiga sozinha

Procurando pão


Bate nas janelas

Bate em tanta porta

E a rua está morta

É morta a cidade

Lá vai Mariquinha

E alguém lhe atende

E ela compreende

Que é a Caridade


Lá vai Mariquinha

De braços com a feira

Arroz com feijão 

Tem leite de amor

Faz o alimento

Desperta o rebento

Naquele momento

Vence fome e dor


Lá vai Mariquinha

Menina mulher

- Até mais madrinha!

Até Deus quiser!

Cada novo dia

Segue-se a porfia

Sem ter alegria

- Até Deus quiser!

(Merlanio - Cordel #979)


Bom Dia com Poesia, Meuzamô!


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